quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Aroeiras-pimenteiras - Schinus sp.


S. molle - Repare nas folhas finas e caídas.
Fonte: Tropicos.org

 S. lentiscifolius - repare à esquerda no formato incomum das folhas,
compostas e com a raque alada. Fonte: Projeto Flora Digital - UFRGS

S. terebinthifolia
Fonte: Portal "Tudo sobre plantas"
Portal "Wild life of Hawaii" (Ver comentários)

Atendendo a pedidos, um pouco sobre as espécies conhecidas como Aroeiras-Pimenteiras. Possuem usos medicinais diversos (com destaque para a propriedade anti-microbiana e para o apoio no tratamento dos órgãos do sistema reprodutor feminino). Os frutos também possuem famigerado uso culinário. Contudo, vale a pena saber reconhecer corretamente a espécie com a qual irá lidar.

- Nomes científicos: Schinus molle L.;  Schinus lentiscifolius Marchand; Schinus terebinthifolius Raddi;
- Nomes populares: As três espécies são conhecidas com o nome aroeira-pimenteira, o que causa alguma confusão. Alguns dos outros nomes que também possuem são: aroeira, anacauíta, araguaraíba, aguaraíba, aroeira-mansa, aroeira-salsa, aroeira-vermelha, aroeira-precoce, aroeira-negra, entre outros nomes. É quase impossível afirmar que algum nome é possuído apenas por uma das espécies e não pelas outras.
- Família: Anacardiaceae
- Região de origem: América do Sul
- Árvores de 5 a 10 metros de altura. Os frutos são vermelhos e chamativos, as flores são pequenas e pouco chamativas. As folhas são o melhor modo de diferenciar as espécies, assim como o tamanho dos frutos.

Preste atenção nas imagens acima: S. molle possui folhas finas e suas folhagens são caídas quase como as de um chorão (o que permite brincar com o adjetivo "mole" do seu nome). S. lentiscifolius possui folhas um pouco maiores e de formato bastante característico. S. terebinthifolius possui as maiores folhas e frutos. 

As duas primeiras espécies, apesar de diferentes morfologicamente, possuem usos semelhantes. São comuns em arborização urbana, e os frutos com aroma de pimenta são usados como substituto da pimenta-do-reino, (inclusive para a adulteração da mesma). Todas as partes das plantas são utilizadas pela ação anti-séptica em fraturas e feridas. Os óleos resinosos extraídos dos troncos servem também como cicatrizantes e para dor de dente, e inclusive há registro de que seja um bom repelente contra moscas. As folhas secas, em decocção, são úteis no tratamento de problemas menstruais. 

Já a terceira espécie, S. terebinthifolius, além de ser também utilizada na arborização urbana, tem sido cortada para o fornecimento de lenha, carvão, e madeira para murões. Nesta espécie é com as cascas que é preparada a decocção, com a qual são feitos banhos de assento para mães, por alguns dias após o parto, com propriedade antiinflamatória e cicatrizante. As folhas e frutos também são úteis na lavagem de feridas e úlceras, pela ação anti-séptica. A planta também é utilizada no tratamento das mucosas. Mas convém avisar, use esta planta com cuidado, pois existe relato de alergias (tanto das mucosas quanto da pele) ocorrerem com alguns indivíduos, e se você for suscetível à este tipo de reação é melhor conhecer isso tendo aplicado pouco da planta primeiro. Se não ocorrer nenhum problema, então pode-se usá-la com um pouco mais de tranquilidade de cada vez. Esta planta também possui usos semelhantes aos de outra aroeira, a aroeira-do-sertão, ou Myracrodruom urundeuva. Quiçá ainda poderei falar desta planta em outra ocasião.

Infelizmente tive de resumir bastante os usos medicinais. Estas espécies e suas propriedades são velhas conhecidas das culturas tradicionais, e bastante referenciadas em trabalhos etnobotânicos. Se houver o desejo de mais informações e detalhes, é só pedir.

Referência:

Plantas Medicinais no Brasil – Nativas e Exóticas”, Harri Lorenzi e F. J. Abreu Matos. 2ª Edição, Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.

Imagens:

AVISOS GERAIS: Sempre que utilizar plantas comestíveis ou medicinais, certifique-se de colher a planta correta, e que a planta esteja saudável e tenha crescido em bom solo. Ou seja: evite plantas próximas a esgotos, lixo, sujeira, etc. Evite plantas com sinais de muitos ataques por insetos ou fungos. Não recomendo o uso de produtos agroquímicos sobre qualquer planta, sejam plantações ou populações selvagens, para qualquer finalidade. Para plantas medicinais comerciais, o uso de agrotóxicos é proibido. Leia atentamente as dicas, recomendações, e receitas. No mundo biológico todo detalhe é importante. Se tiver dificuldade para identificar uma espécie, entre em contato comigo ou algum especialista que conheça (eu não sou capaz de reconhecer qualquer coisa, claro, mas posso indicar alguém que talvez possa resolver seu problema).

5 comentários:

  1. Felipe, na verdade esta quarta imagem postada é da planta arbustiva ornamental conhecida como café-de-jardim ou ardísia (Ardisia crenata)e possui folhas simples, ao contrário da aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius), que possui porte arbóreo e folhas compostas. Neste site há imagens boas da aroeira-vermelha:
    http://wildlifeofhawaii.com/flowers/698/schinus-terebinthifolius-brazilian-peppertree/

    É importante diferenciar, pois enquanto os frutos da aroeira-vermelha são comestíveis, os do café-de-jardim não são.

    ResponderExcluir
  2. Marco, obrigado. Verifiquei no site original de onde tirei a foto que você comentou, de fato eles lá também trocaram a foto. Fotos são sempre ruins, péssimos instrumentos para identificação de plantas. Meu olho também já não é mais dos melhores, rsrs. Por isso que sempre recomendo cuidado e a quem não sabe como identificar algo, que me procure ou procure um especialista. Infelizmente fotos ainda são uma necessidade nesse veículo de comunicação, assim como na mente das pessoas, pois não só o texto fica mais agradável com as imagens, como as pessoas sentem maior confiança. Eu pessoalmente preferiria nunca postar fotos, apenas no máximo indicações de páginas de livros. Mas acho que prejudicaria o "negócio".

    Já estou trocando as fotos. Se ver mais alguma incorreta, só falar. Novamente, obrigado.

    ResponderExcluir
  3. Como esta situação toda é muito didática, e também para manter a transparência e a confiança, aqui vão mais algumas explicações e pontos:

    O link de onde tirei a foto anterior ainda está na postagem, é o terceiro link do tópico "imagens", em referências. Mas, como disse, a foto retirada também não está mais lá. O link que o Marco indicou, e de onde tirei a nova foto, é o quarto do mesmo tópico.

    Não consigo mais encontrar a foto anterior em nenhum outro lugar, mas qualquer procurada no google imagens por "Ardisia crenata" pode mostrar que fotos de plantas podem sempre confundir. Muitas vezes as fotos levam a interpretações que de fato seriam impossíveis no canpo. Por isso que sempre é bom lembrar que todo detalhe é importante. Nesse caso, o único detalhe bem distinguível nas fotos seria a diferença nas inflorescências.

    Outro detalhe é que a planta em questão mudou de nome científico, e eu não estava sabendo disso ainda. Antes era 'S. terebinthifoliA' (como está na minha versão do Lorenzi e como estava no site da referência anterior), agora ela é 'S. terebinthifoliUS'. Isso é comum, e parece um detalhe bobo, mas pode não ser. Provavelmente alguém fez uma nova revisão do grupo, percebeu que havia alguma confusão na diversidade de nomes, e talvez um erro no latim, e resolveu corrigir.

    Novamente, obrigado ao Marco pela atenção e colaboração.

    ResponderExcluir
  4. Amigo, por favor, a terebinthifolia não serve como tempero também, só as outras duas?
    Obrigado

    ResponderExcluir
  5. Olá amigo, pela minha pesquisa, não vi referência sobre o uso da S. terebinthifolius como tempero também, mas não me surpreenderia de modo algum se algumas populações a usarem. Com toda a confusão da nomenclatura do grupo, pode ser que ela tenha ficado com menos registros.
    Contudo, como ela tem alguns casos de alergias, eu pessoalmente não recomendaria experiências, a menos que sejam feitas com muito cuidado, um pouquinho de cada vez.

    ResponderExcluir